ELEITO

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ELEITO



— Por que tem que ser eu?
— Tem que ser alguém.
— E por que eu?
— Porque você foi escolhido, só por isso.
— E se fosse você então, você iria aceitar, numa boa?
— Com certeza.
— Ia sim... Duvido!
— Não interessa. Não me escolheram. Escolheram você.
— Escolheram!? Você também escolheu! Quer comer minha bunda, é? Você acha mesmo que eu vou concordar com isso? Que eu vou ficar de quatro, empinar a bunda e deixar vocês me meterem? 
— Não é uma questão de concordar, Régis.
— Então não importa se eu concordo ou não? Se eu disser que não, vocês vão me comer do mesmo jeito? Vão me estuprar? É isso? E você só veio aqui me avisar antes? Ótimo! Que delicado de sua parte! Ótimo! Assim eu não vou me sentir invadido, não é mesmo?

O outro soldado se retirou. Voltou junto com outros dois.

— Ah, que bom que vocês chegaram! Eu estava doido para chegar esse momento! Desculpa, mas eu já devia ter tirado a roupa? Querem que eu dance antes?
— Não falei para vocês? — o primeiro soldado dirigia-se aos outros.
— Régis — começou outro — isto está previsto no nosso treinamento...
— O caralho que está! Que a gente tem que aceitar ser fodido pelos filhos-da-puta que se chamam de colegas?
— Mais ou menos.
— Então por que não treinaram a gente pra isso? Ou você se lembra de alguém te enrabando no treinamento? Se você lembra, foi só com você! Então por que você não vai lá? Seja voluntário! Patriota! Vira a bunda e deixa que eu te como!

Ele fez sinal para os outros. Régis pegou a arma.

— Você está louco? Vira essa merda pra lá!
— Não chega perto de mim!
— Baixa a arma, Régis! Isso é uma ordem!

Régis baixou a arma.

— Nunca mais levanta essa arma na minha direção, ok?
— Desculpa.

Houve um suspiro de alívio, por parte de todos.

— Vamos combinar assim: hoje é você, da próxima vez, é outro.
— Perfeito! Era o que eu queria mesmo: primeiro ser comido, depois comer! Por que não vai você primeiro? Ou melhor, por que você não para com essa veadagem e bate uma punheta? O que aconteceu? A punheta não tá dando conta?... Isso é insano! Não pode ser verdade que você ache que me comer vai ser melhor que bater uma!
— É diferente.
— Você é veado! Os três são veados!
— Diga o que quiser, Régis.

Os três o encaravam. Ele se assentou. Parecia pensar no assunto.

— Quem vai ser o próximo?
— Não importa!
— Claro que importa! Quem vai ser o próximo?

Ninguém respondeu.

— Se eu vou ser o primeiro, eu acho que eu deveria ter o direito de escolher quem vai ser o segundo.
— Régis...
— Eu topo! Numa boa! Se você concordar que eu vou escolher o próximo.
— Ok.
— Você!
— Por que eu?
— Por que eu?
— Ok. Então eu vou ser o segundo.
— Vai o caralho! Você acha que eu engoli essa? Se eu aceitar essa palhaçada hoje, vocês vão me transformar em putinha...
— Chega! 

Ele foi em direção a Régis, seguido dos outros dois. Começaram uma briga, mas Régis logo foi imobilizado.

— Me solta! Solta meu braço! Meu braço, filho-da-puta! É o direito!

Ele afrouxou a chave.

— Fica quieto, porra!
— Eu vou matar vocês, eu juro! Quando vocês me soltarem, eu vou enfiar uma bala na cabeça de cada um!
— Para de falar merda!

Eles soltaram o cinto e baixaram a calça do rebelde.

— Para! Me solta! 

Um deles já estava com o pau na mão.

— Pelo amor de Deus, não faz isso, cara! Eu estou te pedindo, não faz isso!
— Relaxa o cu, senão vai ser pior!
— Me ouve primeiro: eu estou te pedindo, como amigo, não faz isso! A gente não precisa fazer isso!
— Régis, relaxa.

Ele voltou a se debater e socaram-lhe o rosto, prensaram sua cabeça contra o chão.

Nada poderia ser mais doloroso que aquele momento. Sentiu que estava sendo arregaçado, que precisaria ser operado depois do estupro. O outro lhe fodeu quase vinte minutos antes de gozar. Queria vomitar quando sentiu a porra quente dentro dele, mas por mais que forçasse não tinha nada no estômago. Os outros dois repetiram o primeiro. Sentia a porra escorrendo pela perna. De repente, achou que iria chorar, mas reuniu toda sua resistência e permaneceu em silêncio. O último a meter gemeu um gozo intenso. Depois de tirar o pau de dentro de Régis, deu-lhe um tapinha na bunda, em agradecimento.

Naquela noite, Régis pouco pôde fazer. Setenta horas depois, matou os três. Arrependeria-se, depois, mas não agora.









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